COLHEITA DO CAFÉ
Lysette Bollini
Nasci em Bariri ( São Paulo), terra boa e abençoada.
Terra de gente boa, trabalhadeira e honesta.
Nascer e viver em Bariri era uma festa.
Nasci numa fazenda grande e lavourada.
Tinha muitos pomares, jardins, animais,
Cafezal, boiada cavalos, mata..
Um rio bonito e limpo, com água a cantar,
Que fazia a roda do moinho, funcionar.
Como era bonita e assustadora aquela roda gigante,
Rodando as pás pela água cantante!
Uma figueira enorme e alta,
Onde a boiada, na sua sobra imensa, descansava.
Que bonita a casa grande da fazenda!
Que bonito o terreiro grande e a tulha!
Que bonita a capela1
Todos os sábados havia reza,
Para que Deus o tempo ajudasse.
Que a plantação crescesse e frutificasse.
E o cafeeiro produtivo se mostrasse.
Era bonito ver;
Os colonos e patrões juntos rezavam.
E o café, primeiro verdinho,
Aos poucos vai ficando vermelhinho.
E, com o tempo: chuva e sol,
E, de todos nós, carinho.
Ele ficava redondinho e pretinho.
E a colheita começava...
Os colonos, a terra limpando,
Por mais que o suor suasse,
Eles colhiam o café contentes.
E , rapidamente,numa malabarice incrível,
Com as peneiras grandes peneirando
Para o alto e para baixo, em movimentos,
O pó e os galhinhos iam separando.
E o café, fruto precioso da terra,
Muito tempo no cafezal não ficava.
Em carretas por mãos habilidosas guiadas,
Para o terreiro da fazenda ficava.
Lá, com que carinho era tratado!
Eram montes que até pareciam serras.,
Verdadeiras serras cafeeiras.
Á noite, cobertos pela lona dura e forte,
Protegidos do orvalho, da chuva, do vento,
No terreiro tijolado e cimentado ficava.
Mas, quando o arrebol chegava,
O sol aparecia numa festa de arromba.
Ficava vermelho irizado
E, aos poucos, o céu ficava azul anilado.
O galo cantava numa porteira.
Gritava tanto que parecia que sua garganta estourava.
E o tio Querubim, irmão do meu pai,
Apanhava o berrante grande e bonito,
Pendurado num gancho da parede,
Saia na varanda alta da casa grande
E o berrante, com sopro firme tocava.
Depois de feita a colheita, todos à Deus louvavam.
Na colonia, onde havia muitas casas para os colonos,
Escolhiam a frente de duas ou tres casas
E lá, o local era preparado.
Deixavam-no limpo e bem enfeitado.
Mais parecia um salão de festa
E lá, armava-se um belo palizado,
Com flores e frutos decorados,
No meio de tanto doce e salgado.
De anizetes e outras bebidas,
A festança era bem organizada.
O povo dançava e saboreava os quitutes sorrindo,
Numa festa de muita confraternização.
E os colonos falavam;
- Deus é bão!;
Deus ajuda quem trabaia.
Agora, bamo se alegrá.
O sanfoneiro vai começá a tocá.
Num banco colocado num lugar alto,
Sentado, o sanfoneiro só tocava:
- Nhec... nhec... nhec....
Sem parar.
E, nesse rítmo constante e invarivél
O povo feliz, falava e dançava.
Alguns cansados, até dormiam na grama.
E, a festa tão festa,
Só terminava quando o dia raiava.
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