quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Lampião

LAMPIÃO

Lysette Bollini

Contam que o menino Virgulino

Ainda jovem e muito franzino,

Iniciou sua vida fora-da-lei,

No Município de Floresta, lá em Pernambuco,

Onde houve um sangrento tiroteio.

Virgulino, já nessas lidas entrado,

Procurou o bando do temido Sebastião Pereira.

Bando perigoso e muito bem chefiado

E pediu para nele estar integrado.

Sebastião Pereira, ao notar o tipo tão miudinho,

Com dezesseis anos o menino,

Com ar zombeteiro, e fingindo seriedade,

Indaga das suas qualidades de guerrilheiro.

Indaga das credenciais que trazia.

Virgulino olha para as faces do grupo.

Não treme. Está determinado.

Com ares de arrogância, escondendo a emoção,

Numa firme e segura expressão,

Faz uma estudada e matuta comparação:

- No entrevero da noite passada,

O meu rifle deixou forte clarão.

Em risadas explode o bando.

Mas um cangaceiro bem astuto,

De olhar profundo e arguto,

Com dentes fortes e bem limados,
Fala com sabedoria e argúcia,

Parecia até um vidente:

- Este menino vai longe, minha gente!

Se o seu rifle acende como um clarão,

Ele será de nós, o Lampião;

Como uma tatuagem, o apelido

Entrou dentro do seu corpo e espírito.

E por mais de três lustros,

Da boca do seu rifle,

Cuspiu jorros de clarão,

Em sete Estados do Sertão.

Bibliografia; ANTOLOGIA ILUSTRADA DO FOLCLORE BRASILEIRO- Adapatação de "Estória e Lendas do Norte e Nordeste- Seleção e introdução de Paulo Dantas - Livraria Literart Editôra- São Paulo

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