LAMPIÃO
Lysette Bollini
Contam que o menino Virgulino
Ainda jovem e muito franzino,
Iniciou sua vida fora-da-lei,
No Município de Floresta, lá em Pernambuco,
Onde houve um sangrento tiroteio.
Virgulino, já nessas lidas entrado,
Procurou o bando do temido Sebastião Pereira.
Bando perigoso e muito bem chefiado
E pediu para nele estar integrado.
Sebastião Pereira, ao notar o tipo tão miudinho,
Com dezesseis anos o menino,
Com ar zombeteiro, e fingindo seriedade,
Indaga das suas qualidades de guerrilheiro.
Indaga das credenciais que trazia.
Virgulino olha para as faces do grupo.
Não treme. Está determinado.
Com ares de arrogância, escondendo a emoção,
Numa firme e segura expressão,
Faz uma estudada e matuta comparação:
- No entrevero da noite passada,
O meu rifle deixou forte clarão.
Em risadas explode o bando.
Mas um cangaceiro bem astuto,
De olhar profundo e arguto,
Com dentes fortes e bem limados,
Fala com sabedoria e argúcia,
Parecia até um vidente:
- Este menino vai longe, minha gente!
Se o seu rifle acende como um clarão,
Ele será de nós, o Lampião;
Como uma tatuagem, o apelido
Entrou dentro do seu corpo e espírito.
E por mais de três lustros,
Da boca do seu rifle,
Cuspiu jorros de clarão,
Em sete Estados do Sertão.
Bibliografia; ANTOLOGIA ILUSTRADA DO FOLCLORE BRASILEIRO- Adapatação de "Estória e Lendas do Norte e Nordeste- Seleção e introdução de Paulo Dantas - Livraria Literart Editôra- São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário