domingo, 27 de dezembro de 2009

Colheita de Café

NA FAZENDA SÃO JOSÉ, EM BARIRI
Lysette Bollini

Nasci em Bariri ( São Paulo), terra boa e abençoada;
De gente boa, trabalhadeira e honesta.
Nascer e viver em Bariri, era uma festa.
Nasci numa fazenda grande e lavourada;
Com pomares, cavalos, jardins, animais,
Cafezal, boiada, mata, um rio bonito,
Que fazia o moinho funcionar.
Como era bonita e assustadora.
Aquela roda gigante,
Rodando as pás pela água cantante!
Era ela que gerava energia elétrica, para a fazenda
Como era legal ouvir músicas pelo rádio!
Uma figueira enorme e alta,
Onde a boiada, na sua sombra imensa descansava.
Que bonita a casa grande da fazenda!
Que bonito o terreiro, a tulha,
Que linda era a capela!
Todos os sábados havia reza.
Era bonito ver,
Quando a saia do cafeeiro se abria,
E as flores brancas pequeninas floriam!
E colonos e patrões, juntos rezavam,
Para que Deus, o tempo ajudasse;
Que a plantação crescesse e frutificasse.
E logo, o café, primeiro verdinho,
Aos poucos vai ficando coradinho.
E com o tempo: chuva e sol,
E de todos nós, carinho,
Ele ficava redondinho,
Pretinho, pretinho.
Quando estava no ponto,
A colheita começava...
E, os colonos, a terra limpando...
Por mais que o suor suasse,
O café, iam colhendo contentes.
E, rapidamente,
Numa malabarice incrível,
Com peneiras grandes peneirando,
Para o alto e para baixo,
O pó e os galhinhos iam separando.
E o café colhido, no cafezal, ficava esperando.
Não ficava muito tempo, porque
Carretas por mãos habilidosas guiadas,
O café, fruto precioso da terra,
Era levado para o imenso terreiro
E, no terreiro da fazenda ficava.
Lá, com que carinho era cuidado!
Eram montes, montes enormes,
Que mais pareciam serras;
Verdadeiras serras cafeeiras.
À noite, cobertos pela lona dura e forte,
Protegidos do orvalho, da chuva, do vento,
No terreiro tijolado e cimentado, ficava.
Mas, quando o arrebol chegava,
O sol aparecia numa festa de arromba.
O céu ficava vermelho erizado,
E, aos poucos o céu ficava azul anilado.
O galo cantava numa porteira;
Gritava tanto que parecia,
Que a sua garganta estourava.
E o tio Querubim, irmão do meu pai,
Apanhava o berrante grande e bonito
Pendurado num gancho da parede.
Ele saia na varanda alta da casa grande,
E o berrante, com sopro firme, soava
E os colonos, partiam para a colheita do café.
E lá , cobriam o chão com lona,
E começavam colher o café com muito cuidado.
Após a colheita, eles ficavam.
Felizes e agradecidos ,
À Deus louvavam.
Depois, na colônia, onde haviam muitas casas,
Eles escolhiam o melhor local
Para a festa ser preparada.
Na frente de duas ou tres casas,
O terreno era preparado.
E ele ficava limpinho, e a gente via,
Que um lindo salão de festa parecia1
Armava-se então, um lindo palizado,
Com flores e frutas , decorado.
No meio de tanto doce e salgado,
Do anizete que o meu pai Pedro preparava
E, de outras bebidas deliciosas,
A festança era bem organizada.
Era um festança inesquecível!
O povo dançava e saboreava os quitutes, sorrindo.
Nesse ambiente de tanta comfraternização
De tanto respeito e amor!
Os colonos falavam:
- Deus é bão!
Deus ajuda quem trabaia.
Agora bamo se alegrá.,
O sanfoneiro vai começa a tocá.
Num banco colocado num lugar alto,
Sentado, o sanfoneiro só tocava o que sabia tocar.
Era: nhec...nhec...nhec...
Sem parar.
E nesse rítmo constante, invariável,
O povo feliz, falava e dançava.
Alguns cansados, até dormiam na grama.
E a festa , tão festa,
Só terminava quando o dia raiava.

Depois da festa tão linda!
Sabe o que acontecia?
Cada um na sua casa,
Comentava com muita alegria,
Os acontecimentos e falavam:
-Agora, para a festa ficar completa,
É brindar o sucesso e com muita fé,
Beber o saboroso e delicioso café.

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