ATENTADO CRIMINOSO CONTRA RUI BARBOSA
Transcrevo alguns trechos considerados elucidativos para maior compreensão dos fatos que se relacionaram com a tentativa de morte ao brasileiro Rui Barbosa
" Com a renúncia do Marechal Deodoro ao governo do país, em conseqüência do golpe de Estado que dissolveu o Congresso a 3 de novembro de 1891, o Marechal Floriano Peixoto, dentro da Constituição, assume o poder. Mas a Constituição não lhe permitia nele permanecer até o fim do quadriênio. Seria a violação da lei fundamental logo nos primórdios da República. A história já se encarregou de mostrar os resultados da usurpação florianista. Ela salvou o regime.
O próprio Sr. Batista Pereira, genro de Rui Barbosa, declara: " Vindo da ilegalidade, Floriano realizou o paradoxo de consolidar a legalidade". Tornou o Poder Executivo respeitado.
O seu governo equivalia a um plebiscito entre a República e a Monarquia. A nação fechando os olhos às reais lacunas como estadista e prestigiando-o, pronunciava-se, duma vez por todas, pelas novas instituições.
Rui, apóstolo da lei, jamais poderia aplaudir e concordar com a ilegalidade constitucional.
e , por esse motivo renuncia em 1892 o seu mandato de Senador pela Bahia. Teve o apoio de treze generais de mar e terra, que em Manifesto ao povo brasileiro protestam contra o ato de Floriano e o intimam a mandar proceder a novas eleições.
Para os generais e os outros presos, militares e civis, Rui Barbosa requer ao Supremo Tribunal uma ordem de " hábeas-corpus", datada de 18 de abril de1892.
" Floriano responde-lhes cassando-lhes as patentes e desterrando-os para as regiões norte.
Em julho de 1893, dá-se o incidente do vapor Júpiter, nas águas de Santa Catarina.
Transcrevo a afirmação de Rui Barbosa: " Aprisionado o Júpiter, instrumento da temerária empresa do almirante Wandenkok , a repressão, para fazer-se legalmente, devia processar imediatamente os acusados, entregando-os à justiça comum. Entretanto, não se procedeu assim,- Prenderam -se indistintamente todos os indivíduos encontrados a bordo daquele navio, alheios, em sua maior parte, ao movimento, passageiros, tripulantes, estrangeiros muitos deles, ao serviço do navio mercante tomado por assalto, e tratou-se de submetê-los por tempo indefinido, incomunicáveis, nos calabouços das fortalezas. Fiz-me advogado desses homens, porque foi sempre costume invariável meu, ser do partido das vítimas, e, porque estas, neste caso, representavam a lei, agravada pelo mais flagrante das violências jamais cometidas em minha terra,
contra a liberdade individual."
Rui, requereu ao Supremo tribunal " hábeas- corpus" em favor de 48 daqueles presos, mas o tribunal negou-lhe esse "hábeas-corpus", como já havia negado o de 27 de abril de 1892
Rui afirma :" A Constituição de 91, não dá ao Executivo poderes para punir.
Rui, estranho à combinação do movimento de 6 de setembro de 1893, quando irrompe a revolta da armada, é obrigado a retirar-se do país, para evitar os golpes do ódio político iminente sobre a sua cabeça.; asilou-se no Rio da Prata, em Buenos Aires." Vítima da minha boa fé, acreditando ainda que os poderes públicos neste país quisessem sinceramente conhecer a verdade então saciar ódios pessoais, pensei que podia buscar, no seio do Estado que me elegera, que me dera uma cadeira nesta casa, um descanso e a segurança a que a minha inocência tinha direito. Vítima da minha boa-fé, da ingenuidade de supor que, uma vez provada a minha inocência, nenhum interesse mais podia ter o governo em flagelar-me, cheguei ao porto do Rio de Janeiro e aqui, na mesma tarde da minha chegada, comunicou-me o comandante do vapor Madalena que o Marechal Floriano Peixoto expedira uma ordem positiva para a minha prisão,e acrescentou que o pensamento do governo era arrancar-me do paquete inglês; com ordens expressas de matar-me.
O comandante do vapor Madalena disse-me " Este atentado não se consumará" e mostrou-me então um escrito do comandante do encouraçado inglês "Siriús", no qual se lhe dizia que lhe ficava vedado entregar às autoridades civis ou militares brasileiras qualquer passageiro de bordo do vapor " Madalena"
De volta, " na imprensa escrevi a favor do movimento feito contra o homem de menos patriotismo, contra o homem desumano que me tinha feito sofrer e sair do meu país, sem julgamento, sem processo, nem forma nenhuma garantidora de meus direitos..
A minha atitude foi sempre a de defender os perseguidos e de estar com aqueles ao lado de quem se acha a lei e contra aqueles que querem governar o país pela violência."
Bibliografia: A VIDA DE RUI BARBOSA- Pgs 31- 45-46-47-48
AMÉRICO PALHA
ENCICLOPÉDIA HISTÓRICA
DISTRIBUIDORA RECORD- Rio de Janeiro - São Paulo
RUI BARBOSA- ENSAIO BIOGRÁFICO- Pg.41- 42-43
FERNANDO NERY- CASA DE RUI BARBOSA-- 1955
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