RUI, O CONSTRUTOR DE REPÚBLICA
O Ilmo. Sr. Prof. Roberto Pinto de Souza, Professor de ECONOMIA POLÍTICA, por ocasião do encerramento da " Assembléia", Rui Barbos, assim se expressa;:
Trancrevo:
(* ) "E uma honra e um prazer assumir esta tribuna, neste momento por discursar sobre Rui Barbosa; a maior cerebração brasileira; honra ao ascender à cátedra que já ocupei, lecionando Economia Política.
Haverá em toda a obra desse " Homem de Estado" capítulo mais contravertido, mais atacado, mais caluniado e que, mesmo entre os seus caluniadores tenha levantado tantas resistrições ?
Será verdade que a atuação de Rui no Ministério da Fazenda, tenha sido prejudicial, como a crítica maldizente que seus adversários pretendem fazer crer?
Serenadas as paixões polítcas, a análise fria dos fatos daquela fase de transição veio demonstrar a inanidade" ( Fig. vaidade, inutilidade)" dos semeadores de ódio, que procuraram no aceso da luta, destruir a figura ciclópica ( de gigantes mitológicos) do imortal brasileiro.
No momento, então, de bruscas mutações, com soem ser as fases revolucionárias, elas aumentam de complexidade, tudo arrastando na sua voragem.
Foi num desses períodos de transição em que o equilíbrio social é bruscamente interrompido pela queda das amarras, que Rui assumiu a Pasta da Finanças.
As consequências desorientadoras da abolição da escravatura, ainda aturdiam a Nação conturbada pelos efeitos econômicos da transformação da sua estrutura política pela queda da monarquia. Dessa forma, somava-se o desiquilíbrio econômico proveniente do ato da princesa Isabel a perplexidade da Proclamação da República.
O mundo, que se abria aos olhos atônitos dos republicanos, era novo e se achava desgovenado.
A tarefa do novel governo, às pressas constituído, era imensa.
Rui Barbosa, por decorrência natural e da sua portentosa inteligência e cultura torna-se o centro de onde emanavam todas as reformas construtivas e para onde convergiam a crítica dos despeitados e dos derrotados. Dessa forma, não se limitou a ser o administrador do Tesouro Público; foi o verdadeiro construtor da República. "
Mas os inimigos da república, para destruí-la, tinham que inutilizar o homem que a fizera.
Porém, esse, em todos os campos que atuara, deixou a marca indelével do seu talento, com a perfeição da obra executada..
A avalanche dos distúrbios já havia avolumado demais para ser detido.
E foram tão longe, nos seus ataques que , malévolamente, circunscreveram os distúrbios econômicamente conhecidos sob o nome de encilhamentoaos anos de 1889 e 1891."
** As emissões não nasceram na gestão de Rui na pasta da Fazenda. O "déficit" veio da monarquia, tempo em que já se gastava mais do que aquilo fixado aos orçamentos..
Não foi, portanto, Rui quem estimulou a " inflação" e criou as facilidads do crédito.
Rui procedeu com o maior cuidado. Só emitiu as somas necessárias ao amparo dos bancos. E, como bem observou Roberto Pinto de Sousa , a emissão para cobrir déficits orçamentários é a mais daninha de todas , porque produz a inflação.
"Amparar bancos, através de emissão, desde que eles não tenham invertido as suas caixas em especulações indevidas ou em negócios escusos, não gera inflação, pois o novo dinheiro que entra em movimento comercial torna-se econômico por incentivar a produção.
Rui Barbosa, nas suas idéias econômicas, totalmente protecionistas, foi um auténtico renovador, quando ao fundar o Banco de Crédito Popular, elaborou o Programa de Pequenos Emprésrimos, a juros módicos, para dar assistência aos trabalhadores brasileiros, preocupando-se com a construção de habitações populares, além de promover no Brasil e no Extrangeiro, propaganda gratuíta a favor da " Imigração e da Colonização". Com que euforia e maldade , os seus inimigos o atacarm impiedosamente, caluniando-o, para que fosse humilhado, desprezado e criticado pela emissão a que recorreu para pagar os salários aos escravos libertos."
Rui Barbosa afirmava: " Que viessem os capitais estrangeiros, mas, não para estrangular a nossa economia; especular sobre as nossas riquezas. viessem, mas em função social, fecundante, civilizadora.
Pouco antes de ruir a monarquia, o ministro da fazenda, João Alfredo, de cuja gestão é a lei que autoriza a emissão de bilhetes ao portador, esclarecia que apesar das grandes despesas autorizada, em benefício da colonização, estradas de ferro e outros serviços, terá, como se calcula um defícit, que poderá desaparecer ou ser consideravelmente reduzido com as obras, que se realizarem e com o saldo que deve passar ao exercício anterior..
O déficit, essa enfermidade crônica a que se referia Rui Barbosa, não deixara ainda o combalido organismo nacional, nos últimos dias do Imperio, por isso que o Visconde de Ouro Preto incluia entre as providências mais urgentes do seu programa o " equilíbrio da receita com a despesa, pelo menos, a ordinária." E fôra justamente esse ministro quem se viu obrigado a recorrer aos remédios da emissão, a fim de socorrer, com as facilidades de crédito, a lavoura, a estiolar-se
( debilitar-se) depauperada..
Não foi, portanto, Rui quem estimulou e criou as facilidades de crédito. Tudo veio de muito longe. Se o administrador republicano fixara a emissão em 45O mil contos, a lei imperial de 24 de janeiro avaliara a emissão em 6OO mil.
Num ensaio admirável de síntese e clareza. Deolindo Amorim, interpreta, com rara acuidade mental, pontos de vista de Calógeras, de Pires do Rio, de Joaquim Murtinho, de Amaro Cavalcante, que redundam todo deles em favor da benéfica administração de Rui, na Pasta da Fazenda."
Rui Barbosa , reagiu, lutou comas armas do saber e afirmava com a nobreza que lhe era própria:
" Mas o patriotismo praticamente, consiste,sobretudo no trabalho."
Podemos resumir assim a vida de Rui Barbosa: Viveu com a Pátria, viveu pela Pátria e viveu para a Pátria.
Bibliografia; ( *) CASA DE RUI BARBOSA, " RUI O FINANCISTA " - pgs. 7-8-9-
Roberto Pinto de Sousa, 1949
** UM PIOLHO NA ASA DA ÁGUIA- Pgs. 121- 122-
Salomão Jorge
Deolindo Amorim " RUI E A QUESTÃO FINANCEIRA. DIGESTO
ECONÔMICO, Pg. 59 e 97, outubro de 1949, Ano V.
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