A BOIADEIRA
Lysette Bollini
Quando o entardecer chegava,
Tudo quieto, sem movimento
O povo da roça, descansava.
Tirava a botina terreada,
E, muitas vezes, pela chuva, enlameada.
Numa dessas ocasiões,
Quando o gado estava preso no curral,
As vacas leiteiras, dos bezerros separadas,
Meu pai, entre o curral e o pomar,
Distante da nossa casa estava.
Estava vindo cansado e distraído.
De repente, ouvi o meu cão latindo.
Era o campeiro que me chamava.
Ouvi o relinchar da Bainha,
Uma égua de raça que eu tinha.
Corri. Abri o portão e vi:
O gado correndo em direção ao meu pai.
Alguém distraído, descuidado,
Abriu a poteira do curral.
E o meu pai ficou parado,
Vendo todo aquele gado,
Correndo como loucos,
No meio do pasto onde ele estava.
Chamei a Bainha.
Chamei e Campeiro.
Como um raio na tempestade,
Montei em pêlo no cavalo,
Sem sela de montaria.
Nem cabresto, nem rédeas tinha.
Com tanta perícia e jeito,
Do jeito que o meu pai me ensinou.
Eu, o Campeiro e a Bainha,
Cercamos o gado ligeiro
E levamos mais depressa que o vento.
Todo o gado para dentro do curral.
E o meu pai, fechando a porteira, não me agradeceu.
Mas o seu olhar tão profundo,
Mostrou um sentimento tão agradecido,
Tão divino,Que é difícil mostrar ao mundo!
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