sábado, 27 de junho de 2009

NÃO PERTURBE: ESTOU TIRANDO UMA SONECA

NÃO PERTURBE: ESTOU TIRANDO UMA SONECA
Lysette Bollini

Morávamos em Bariri, no interior de São Paulo, e meu marido foi transferido para São Paulo.
Fomos morar num lugar muito lindo, muitas casas para os funcionários, muitas árvores, jardins, ambulatório e médicos, um zoológico, piscina, um supermercado e até búfalos. As crianças naquele ambiente tão legal, atrás do edifício azul, levavam lanches e muito se divertiam.
Havia o Grupo Escolar, com excelentes professores. Orientei os professores com o Método de Alfabetização de Conceitos “ Ruiuçára” e com a CARTILHA BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS com técnicas e outros procedimentos pedagógicos. Naquela época, mais de três décadas, tomei conhecimento que o Banco fretou um avião e a nossa CARTILHA BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS foi levada à Conceição do Araguaia no Para para a alfabetização dos índios.
Eu e dona Dorinda, preparávamos as crianças para as festas do Dia das Mães, dos Pais, Juninas, Natal e muitas outras. A Diretoria do Banco colaborava nos gastos das roupas, dos conjuntos musicais, das distribuições de flores nos dias de apresentações especiais. Era um ambiente confraternizador, alegre e com a participação de todos.
Eu lecionava no Grupo Escolar São José, localizado num Bairro distante de onde morávamos, e levava todos os dias comigo, o meu filho Yon Junior, com apenas cinco anos de idade.
Um dia, fui acordá-lo para levá-lo à escola e não o encontrei.
Liguei para o meu marido,amigos e conhecidos, preocupados com o desaparecimento do menino e começaram a busca para encontrá-lo.
Quanta aflição e quanta oração para encontrar o meu filho!
Lembrei-me que na nossa casa, havia uma espécie de porão que servia de dormitório e que comunicava a parte de cima da casa com o térreo.
Voltei para casa, desci as escadas correndo.
Encontrei-o deitado, dormindo na cama. Sobre a cama, estava escrito em letras garrafais ( o menino, com cinco anos de idade e com a certeza de que ele ainda não estava alfabetizado), um cartaz enorme, no qual estava escrito:

“ POR FAVOR, NÂO PRETUBE .
ESTOU TILANDO UMA ÇONECA”

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