A Parteira das Letras
Me lembro, ao voltar da rua, ver suas mãos cheias do sangue nobre das tintas que davam vida ao papel.
Como uma sala de parto, seu escritório transbordava energia, caos sob uma luz forte onde as horas do relógio não marcavam vinte e quatro horas, era o tempo cósmico da criação.
Ela pensava nos olhos de outros percorrendo aqueles papéis com vida, com o sangue pulsando que lhes daria o oxigênio da sabedoria simples do ler e entender.
Quantas vidas a parteira no seu ofício trouxe para a vida real, para o conhecimento que propicia o livre arbítrio de cada um, após se libertarem da ignorância?
Ela sabe que a sua preocupação, o seu amor pela causa do ler e saber, é missão sublime que, como uma tatuagem definitiva está introjetada no seu ser.
O que não sabe é que o melhor da sua recompensa está na alquimia de tansformar a tinta e o papel na liberdade dos pássaros cativos.
Homenagem para a mãe que deu o prazer e a sabedoria dos livros ao seu filho.
Yon
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