terça-feira, 31 de maio de 2011

O LENÇO-XALE



Lysette Bollini

 De repente, o que eu nunca esperava, aconteceu:- ganhei do meu filho, uma viagem de navio
 Imagine! Eu, que nunca viajei sozinha, viajar de navio, percorrendo a costa brasileira!
 - Meu Deus!.- que sensação maravilhosa!
 Estaria na companhia de mais de mil pessoas!...
 Por ventura, estariam elas tão ansiosas como eu?
 Pensei:
- Preciso de um lenço-xale  bem bonito, para eu ficar linda no " luau" que estava programado na Ilha Bela.
 Procuro aqui... procuro alí... e nada de encontrar o lenço-xale tão bonito como eu imaginava!
 Um dia, casualmente, olho para a vitrina de uma loja e o que vejo?
 O lenço-xale mais lindo do que aquele que eu havia imaginado.
 
Que alegria! meu coração pulsava mais forte ao vê-lo tão lindo e mais ainda do que eu havia sonhado!
 Com o fundo azul escuro, estampado com enormes rosas vermelhas e douradas, numa combinação genial!
 Entrei na loja, mal contendo a minha pressa em comprá-lo e tê-lo somente para mim.
 Falei para a vendedora:
- Para eu ficar feliz, somente comprando este lenço.
 E, pensei comovida,  com o lenço-xale, em minhas mãos:
- Existe preço para tamanha felicidade?
 Meu sonho, tão pouco e pequeno, era no entanto, a realização de uma alegria infinita.
 Paguei o lenço-xale.
A vendedora embrulhou-o e entregou-me o precioso pacote.
 Saí da loja, conversando com o lenço-xale:
- De agora em diante, vamos ser ótimos amigos, porque o que eu mais queria para fazer a viagem de navio de navio, percorrendo a costa brasileira, era ter um amigo como você.
 Vamos conversar; vamos falar do nosso sentir; vamos fazer confidências; vamos sorrir e chorar juntos.
 Chegou o dia marcado para a viagem.
 Aquele navio enorme, flutuando sobre as águas do mar, fizeram-me sentir quantas coisas lindas e quantas coisas boas que eu jamais imaginara acontecer, estavam acontecendo!
 Fui até ao tombadilho e fiquei olhando a imensidão do mar: o céu todinho azul e alguns golfinhos brincando e nos saudando!
 Sentia-me parte integrada daquela natureza em eterna festa.
 Era uma comunhão de amor, de respeito pela natureza e louvando a maravilhosa criação de Deus.
 Foram dias inesquecíveis; a piscina, o restaurante, os passeios pelas ilhas e o bom relacionamento com as pessoas. 
 Uma orquestra com violinos, teclado e outros instrumentos tocavam  músicas de quase todos os ritmos.
 Dancei flamenco e a dança cigana com lindo vestidos típicos que havia levado na minha bagagem.
 Foram tiradas muitas fotos para perpetuar tão maravilhosa viagem!
 Um dia, antes do nosso retorno, foi preparado uma "luau", para fechar com chave de ouro, dias tão felizes!
 Vesti uma roupa amarela cigana e para completar, coloquei uma rosa da mesma cor no cabelo.
 Tirei o lenço-xale da caixa e acariciando-o, disse-lhe:
- Hoje, você vai mostrar a sua beleza.
   Coloquei o lenço-xale sobre os ombros e desci ao local de embarque, e, aí, um barco nos levou até o local aonde aconteceria o "luau"
 Desembarcamos e como o local não era distante, fomos a pé.
 Nessa caminhada, não percebi que o vento forte que soprava, levou o meu lenço-xale para longe.
 Somente notei a sua falta, quando chegamos ao local.
 -Meu Deus! perdi o meu lenço-xale!
 E agora, será que ele está tão triste como eu?
 Mas, o " luau" estava tão festivo, tão animado, que acabei esquecendo-me do lenço-xale.
 Voltamos ao navio.
 Desembarcamos em Santos e uma porção de ônibus nos aguardava para nos levar ao Ibirapuera em São Paulo.
  Quando  chegamos ao Ibirapuera, desci do ônibus.
 As malas foram retiradas do bagageiro.
 De repente, eu olho e vejo o meu lindo lenço-xale amarrado na alça de uma mala.
- Virgem Maria!
 O lenço- xale olhou para mim aflito.
 Eu ouvia ele implorar:
Venha me apanhar; quero ficar com você!
 E eu lhe respondi:
- Espera um pouquinho só vou esperar o dono desta mala chegar e aí, eu faço qualquer coisa para recuperá-lo.
 O tempo foi passando... e eu, esperando ansiosa, o dono da mala chegar.
 E o lenço-xale dizia-me:
 -Não quero ficar nesta mala.
  Tire-me daqui por favor!
  Estou sofrendo muito!
- Tenha um pouco mais de paciência!  Não saio daqui, enquanto não falar com o dono da mala.
  Os minutos pareciam uma eternidade.
  De repente, o dono da mala se aproxima e apanha a mala.
 Chego até ele, comovida:
-Ontem, quando ia para o "luau", um vento forte levou o meu lenço-xale.
 Essa lenço-xale que está marrado na alça da sua mala é igualzinho ao meu.
 - Que bom! fala o dono da mala.
 Desde ontem à noite, no "luau" eu estava procurando o dono deste lenço-xale tão bonito!
 - Eu o reconheci logo que o vi.
 E o dono da mala, desamarrou-o da alça que o prendia e entregou-o à mim.
 Agradeci a atitude generosa e com lágrimas nos meus olhos, enxugadas pelo meu amigo, num abraço de encontro divino, dissemos ao mesmo tempo:
- Louvado seja Deus!
  Assim como nos encontramos numa situação de surpresa, Deus nos reserva muitas outras para a nossa felicidade.
 É só ter fé e acreditar.
 Obrigada, meu Deus!
 È maravilhoso ser feliz.

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