domingo, 27 de março de 2011

O Leilão


- O LEILÂO
Lysette Bollini

O leiloeiro  aprumado,
Muito bem arrumado,
Com o martelo na mão,
Começa o esperado leilão.

- Quanto, quanto me dão,
Por este belo coração?
Por estas estrelas brilhantes,
Que estão tão radiantes?

Quanto me dão  pela luz
Do sol que no espaço reluz?
Por este amor-perfeito
Que agita tanto o peito?

Quanto me dão pelo amor,
Que nos faz sorrir e chorar?
Quanto me dão, por favor,
Por este raio de luar?

E, o leiloeiro entusiasmado,
Já fala com dificuldade,
Porque o pessoal alvoroçado,
Quer para si, a felicidade.

Quando o leiloeiro num instante,
Começou  a leiloar a saudade,
Ninguém quiz ouvir e nem dar lance
.Porque ela é, de cada um; não há igualdade.

domingo, 6 de março de 2011

LENDA DA ERVA-MATE

LENDA DA ERVA-MATE

                   Lysette Bollini

Um índio velho encanecido,
Alquebrado, ficou só, na taba.
Os índios da  sua tribo,
Foram para a guerra,
Numa grande empreitada...
E o velho índio, chorando,
Com lágrimas nos olhos boiando,
Triste, ficou vendo,
No alto de uma coxilha,
Os índios na linha do horizaonte,
Devagar, desaparecendo...
Das grandes e saudosas recordações,
Ficou apenas e muito, a beleza de Yari,
Para as suas consolações.
E o sorriso de mel da sua filha,
Adoça-lhe as últimas horas de vida.
Um dia, um estranho viajeiro,
Com roupagem colorida, apareceu.
Os olhos azuis,lembrando,
A beleza e o mistério do céu longinquo,
Muito além das mats do Maracajú.
Matas que ele cortara,
 Nos caminhos de outrora.
E para que o estrangeiro sentisse,
Como era bem recebido,
 Yari foi buscar na floresta,
Os frutos mais gostosos e lindos,
E o mel mais doce e puro.
E o velho, buscando no passado,
Recordações alongado...
Episódios de sua mocidade era recordado.
E a noite, na rede estendida,
O visitante nela e no sonho dormia.
E no seu sonho dourado,
O canto suave da virgem,
Era lindamente entoado.
E quando o dia amanheceu,
O viajante, ao velho e à filha,
Agradecido, falou da generosidade
E da hospitalidade infinda,
Dos índios Charruá.
Fala da pureza dos olhos d´água,
Da alegria da madrugada,
Que pousa em filha tão querida!
Ao falar com eles, comovido,
Como nunca antes houvera sentido,
O viajante entrega-lhes
Uma planta repleta de verde folhagem,
Donde se desprendia e espalhava
Um perfume de bondade
E disse-lhes:
- Deixa crescer esta planta.
Bebe com carinho de suas folhas,
Porque esta erva traz em si,
A graça de Deus em ti.
E os guerreiros, ao provar esta bebida,
Provarão a mesma delícia
Do teu carinho,
Do teu sorriso tão faceiro!
As caminhadas de guerra,
Não serão tão fadigadas.
Caá-Yari, serás de tua raça a protetora.
Serás a senhora dos ervais.
Serás a senhora dos ervateiros.
Serás conhecida e apreciada,
Saboreada no mundo inteiro



Bibliografia; ANTOLOGIA ILUSTRADA DO FOLCLORE BRASILEIRO- Adapatação de Estórias e Lendas do Rio Grande do Sul- Seleção e introdução de Barbosa Lessa- Livraria Editôra Literart - São Paulo